Descoberta do quê?

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Há exatos 516 anos, oficialmente, o Brasil teria sido “descoberto”.

Vale lembrar de que se algo é ‘descoberto’ é porque, antes, estava ‘coberto’, concorda?

Dificilmente, com exceção de escolas, talvez, a data ‘22 de Abril, Dia do Descobrimento do Brasil’, é lembrada. E o que faz com que os brasileiros sejamos tão omissos ou nada sintamos de honroso nisso?

Certamente, o desapego cívico é uma característica brasileira. Pouco comemoramos ou temos orgulho quanto à Descoberta, Independência, Proclamação… Muito menos em sabermos, sequer, se houve ‘graças’ para celebrarmos nossas ‘ações de graças’. No entanto, enaltecemos e chegamos a ‘invejar’ as Ações de Graças, Independência (…) de países como os EUA, diversos europeus, dentre outros.

E o que faz com que não sintamos cívicos diante de momentos importantes da nossa história?

Talvez o lado obscuro, desmedido, inconsequente e nefasto dos (falsos) líderes que o Brasil tem tido ao longo da sua caminhada justifique a sensação constante de nos sentirmos descobertos. Sem cobertura em decência moral, ética, humanitária. Desprovidos de bom senso, dignidade.

Creio que um país que outrora fora ‘descoberto’, há 500 e tantos anos, não se mantenha assim porque teve origem nesta ou naquela etnia. Mas, sim, porque quem o conduz, desde lá, está descoberto, desprovido do bem maior: o bem do homem-cidadão brasileiro. Este, sim, precisa se manter descoberto, liberto das pragas que ameaçam a sociedade e coberto de visão sobre o seu país, em busca de um bem maior e incessante.

Paz aos homens do bem. Bem aos homens da paz.

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SER CIDADÃO? …o que isto tem a ver com as árvores de Brasília?

SER CIDADÃO? …o que isto tem a ver com as árvores de Brasília?

As árvores de Brasília são, muitas, lindas.
Outras, sofridas, tortas. Chegam a fazer caretas e parecem zombar…
Mas são árvores. Não deixaram de crescer.

Muitos ‘homens’, em Brasília, são poderosos, covis. Inundam nossa vergonha.
Outros, poucos, sérios. Chego a duvidar que possam existir…
Mas são homens. Não é preciso deixar crescer.

(o autor do texto)

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O desrespeito, no Brasil, vem crescentemente , mostrando-se temeroso. Ano após ano, década após década… e, até mesmo, século após século, como sabemos, devido a equívocos históricos. O que causa este comodismo intelectual em nosso povo?

Neste nosso tempo, o contemporâneo, especialmente nesta fase em que vivemos, estão estampados, na sociedade, desconfortos, sérias dificuldades: um mal-estar geral que precisa ser administrado, talvez revisto, de tal forma que a compreensão dos valores essenciais da vida não se percam, a exemplo do papel do cidadão em seu bairro, município, país…, em seu planeta.

Mais. Caso não haja uma reflexão geral e consequente reavaliação social, intelectual, o nosso Brasil poderia entrar, sem se dar conta, num fenômeno que podemos denominar por pré-barbarismo. E isso não podemos permitir!

Parece-me importante fazer uma síntese desse Brasil denominado “descoberto” (entre aspas). Há pouco mais de 500 anos, oficialmente, começaram a chegar os europeus, apossando-se das terras e dizimando gentes e seus pensamentos, culturas, envolvendo-os em um manto de falso protecionismo, acreditando que os nefelibatas (pessoas iludidas, sonhadoras…) de então não teriam força para resistir ao tenebroso poderio político-gestor.

Aquele indivíduo, verdadeiro cidadão brasileiro – o indígena de cujas origens remontavam das raízes do nosso solo nacional – foi praticamente excluído deste meio. O que dele restou, transformaram em “invasores” em suas próprias terras. Venceu a política massacrante, venceram os acordos entre homens inescrupulosos, ‘pessoas do mal’, sem nenhum respeito frente ao sujeito da terra, o verdadeiro cidadão. Ou seja, a questão ligada a valores, neste país, sofre, há muito tempo.

Passaram-se os poucos séculos que nos divorciam das tomada das terras brasileiras. Fatos semelhantes foram se repetindo, aqui e ali, muitas vezes.

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E, eis que, de novo, volta à tona a validação, o valor da cidadania brasileira.

O que é, hoje, ser cidadão e quanto é importante, repito, refletir a este respeito e pormos em prática valores morais, sociais – com base num pensamento concreto e apoiado cientificamente, não apenas ações vazias ?

Acredito que já não deva, apenas, usar reflexões ‘ingênuas’ e inacabadas acerca do que vem acontecendo por estas terras que parecem sem dono, sem gestão.

Permitimos – por ‘nossa’ própria ‘culpa’ – que aqueles que se denominam benfeitores (a história se repete…, apenas alterando os personagens), sejam indivíduos sem o menor escrúpulo com a sociedade. A sensação que permeia os meios sociais é a de que estão tomando conta da ‘nossa terra’, do nosso quinhão de dignidade e, mais sério do que tudo, diminuindo, cada vez mais, nosso direito de exercer o papel da CIDADANIA.

Mas, afinal, que quer dizer cidadania?

Ser cidadão é estar apto a viver, com dignidade humana, deveres e direitos, em um país ou área territorial estruturada, capacitada para acolher e promover o desenvolvimento do todo.

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Ser cidadão, independente do nível de formação ou riqueza, é ter direito a um espaço para creditar suas crenças, discutir as atitudes de seus pares e pôr em prática um bem amplo e irrestrito.

Ser cidadão, portanto, é saber, dignamente, se ir para as ruas – por exemplo – significa estarmos cientes do papel que exercemos na sociedade e se isto tem sido digno, de verdade.

Ou seja, nossas atitudes trazem ou trarão verdadeiros frutos de qualidade para os que aqui estão e os que virão? Se sim, somos cidadãos. Se não, há muito para se rever, desde o papel do sujeito comum – representando suas classes sociais e profissionais, passando pelos políticos representantes da sociedade que os elegem e, por fim, chegando aos gestores superiores.

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Devemos exigir rigor, cumprimento da ordem e respeito, sem nenhum tipo de violência – nem física, nem moral ou intelectual.  Tudo o que fizermos, que o façamos conscientes! Ou poderemos não mais ter tempo para novos recuos.

 

Ter cidadania é o valor mais digno que a sociedade deve nos proporcionar.

Ter cidadania é ser respeitado e respeitar.

Respeite-se: seja cidadão!

Engelbert Schlögel